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Lenine: Um símbolo na história

Por Gustavo Espinoza M. / Latin American Summary

Este dia 22 de abril assinala o 155º aniversário do nascimento de Vladimir Ilitch, conhecido por Lenine, a grande figura do proletariado universal, o homem da Revolução de Outubro e o construtor do primeiro estado socialista do nosso planeta.

Nunca esquecido, é sem dúvida um símbolo do nosso tempo e uma mais-valia da inteligência humana. Pela sua vida e obra, merece o mais alto reconhecimento do povo.  

Em homenagem à sua memória, recordemos a sua carreira e os seus contributos para a causa duradoura dos trabalhadores e de todas as forças avançadas e progressistas da humanidade.

UMA VIDA A SERVIR O POVO  

Como se deve recordar, Vladimir Ilitch nasceu numa aldeia remota em 1870 e morreu aos 53 anos, a 21 de janeiro de 1924.

Na vida, foi guiado pelos ideais marxistas. E assumiu-o a partir da sua própria experiência de vida. Estudou a teoria, assimilou a sua prática e enriqueceu as suas formulações com contributos ideológicos e políticos do seu próprio valor inegável. Deu origem ao seu próprio Partido Comunista e foi o seu líder natural, sem qualquer apego a cargos ou postos.

Trabalhou sempre em estreita colaboração com a classe trabalhadora do seu país e contribuiu para as suas lutas com ideias vigorosas e conceções de classe. Tinha plena consciência do papel da imprensa e trabalhou incansavelmente na batalha de ideias travada pelo povo contra os seus opressores.

Para Lenine,  “Iskra”  –“a Centelha”- e  “Pravda” –Verdade-; eram valiosas ferramentas de combate. Fundadas em 1903 e 1912, ambas desempenharam papéis importantes na organização e na luta do proletariado internacional, ao mesmo tempo que iluminaram as mentes de milhões de homens e mulheres em todo o mundo.  

A sua primeira obra – “ O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia”  – foi um olhar profundo sobre a realidade que enfrentou e abriu caminhos para a investigação e para os esforços que dariam frutos ao longo do tempo. Ele e os seus companheiros procuravam avidamente compreender a realidade e extrair dela os caminhos para avançar na tarefa do seu povo.

Era, ao mesmo tempo, um internacionalista convicto, convicto de que a luta que travava não podia ser resolvida apenas dentro das fronteiras do seu país. Olhou então com crescente interesse para o cenário europeu onde a luta de classes se estava a delinear de forma clara e decisiva, sem esquecer a mensagem dos Povos do Oriente, o destino do proletariado nos Estados Unidos e até o desenvolvimento do capitalismo na América Latina, a que aludiu mencionando a Argentina numa das suas obras fundamentais  – “Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo” –  em 1916. E é que, tal como Karl Marx, tinha chegado à conclusão de que não bastava conhecer o mundo, mas que era necessário transformá-lo.

Era, então, um verdadeiro revolucionário. Nunca se enquadrou em conceitos formais ou dogmas; rejeitou o diletantismo e depositou a sua maior esperança na organização e na consciência de classe dos trabalhadores. Ergueu a bandeira do Socialismo com absoluta confiança no futuro do povo e estava imbuído do mais elevado sentido de optimismo da história. Fez da Política – nas palavras de Mariátegui – uma alta prática da Pedagogia, e enobreceu-a para a colocar no lugar que lhe cabia.

SEMPRE VALORIZADO POR MARIATEGUI.

Como se deve lembrar. Mariátegui não pôde viajar para a Rússia em 1923 por motivos pessoais. Isto, porém, não diminuiu o seu interesse pelo processo soviético, que acompanhou com exemplar diligência. Quando regressou ao Peru, a sua quinta conferência nas Universidades Populares González Prada – a 13 de julho de 1923 – foi sobre a Revolução Russa; e depois, a 22 de setembro do mesmo ano, na revista “Variedades”, inseriu um longo artigo intitulado precisamente  “Lenine”.  Recordemos alguns parágrafos disto:

“ A figura de Lenine, esta, rodeada de lendas, mitos e fábulas. Move-se num palco distante que, como todos os palcos russos, é um pouco fantástico e um pouco aladiniano. Possui as sugestões e os atributos misteriosos dos homens e das coisas eslavas…”

Aqueles que participaram em assembleias, comícios e eleições onde Lenine discursou relatam a religiosidade, o fervor, a paixão que o líder russo inspira. Quando Lenine se levanta para falar, seguem-se aplausos febris, espasmódicos e frenéticos. As pessoas aplaudem, gritam, soluçam. Mas Lenine não é uma figura mística, sacerdotal ou hierática. É um homem conciso, simples, cristalino, contemporâneo e moderno.

“Lénine é um revolucionário sem receios, sem hesitações, sem escárnio. Mas não é um político rígido ou imóvel. Pelo contrário, é um político ágil, flexível e dinâmico, que astuta e continuamente revê, corrige e retifica o seu trabalho... A história russa nestes seis anos é um testemunho da sua capacidade como estratega e líder de massas e de povos.”

"O líder russo", escreveu Mariátegui em Março de 1924 nas páginas da revista "Claridad", "   possuía uma inteligência extraordinária, uma vasta cultura, uma vontade poderosa e um espírito altruísta e austero.   Estas qualidades combinavam-se com uma capacidade surpreendente de perceber profundamente o curso da história e de adaptar a ela a actividade revolucionária."

Em termos claros, o Amauta apreciava o génio de Lenine na sua verdadeira dimensão e valorizava muito o seu contributo para a causa da Revolução Mundial.   

Pode dizer-se que estes escritos correspondem a uma fase da obra de Amauta em que este se sentiu sensivelmente atraído pelo génio de Lenine, pela sua vida ou pela sua morte. Anos mais tarde, em fevereiro de 1928, o Amauta considerou ser seu dever destacar novamente o papel de Lenine. Ele disse:

A Revolução Russa, que, como toda a grande revolução histórica, avança por um caminho difícil que se abre com o seu próprio impulso, não conheceu até agora dias fáceis nem ociosos. É obra de homens heróicos e excepcionais e, por isso mesmo, só foi possível com a máxima e tremenda tensão criativa. O Partido Bolchevique. Portanto, não é, nem pode ser, uma academia pacífica e unânime. Lenine impôs-lhe a sua brilhante liderança até pouco antes da sua morte; mas mesmo sob a imensa e única autoridade deste extraordinário líder, não faltaram os debates violentos no seio do Partido. O Partido Bolchevique nunca se submeteu passivamente às ordens de Lenine, cujo despotismo era fantasiado à sua maneira por um jornalismo em série que apenas o conseguia imaginar como um Czar Vermelho... Lenine conquistou a sua autoridade pela sua própria força; manteve-a mais tarde com a superioridade e a clarividência do seu pensamento. Os seus pontos de vista prevaleceram sempre porque eram os que melhor correspondiam à realidade.

Seria inútil iniciar um debate sobre qual "poderia ter sido" a posição de Amauta se tivesse hoje as provas e os recursos disponíveis. O subjetivismo, a este nível, teria sempre ganho a batalha.    

DESTAQUES DA SUA HISTÓRIA

Embora a vida de Lenine tenha sido uma constante de luta incansável, e embora tenha encontrado um momento decisivo em 1903, quando o II Congresso do Partido Operário Social-Democrata Russo deu origem à "Ala Bolchevique" do Partido; Poderíamos considerar três etapas decisivas ligadas ao panorama mundial como pontos altos da sua história.

A primeira delas remonta a 1914, no início da Primeira Guerra Mundial, quando, numa perspectiva de classe, apelou a uma luta contra os planos agressivos do Imperialismo, sublinhando que os povos não eram inimigos uns dos outros. 

A luta de Lenine no seio da Social-Democracia Internacional contra as posições reformistas expressou-se numa luta aberta contra as concepções chauvinistas que, sob o pretexto do "patriotismo", incentivavam o confronto entre os diferentes povos. Esta atitude foi firmemente posta em prática pelos bolcheviques na antiga Rússia dos czares e deu origem a batalhas memoráveis ​​do proletariado europeu.

O segundo grande momento pode ser localizado entre fevereiro e outubro de 1917, quando a Revolução Russa passou da democracia burguesa para o socialismo. As Teses de Abril, a Sexta do POSDR, os preparativos para a revolta de Outubro e a própria tomada do poder; Foram o símbolo do nascimento do Primeiro Estado Operário e Camponês à face da Terra.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas — a URSS — que foi a expressão deste Primeiro Estado Socialista, teve uma existência turbulenta e viveu durante 73 anos, enfrentando o assédio e a agressão do sistema capitalista de dominação. A Segunda Guerra Mundial foi um momento dramático na história, e a vitória da URSS sobre o fascismo será celebrada este ano no seu 80º aniversário.

O terceiro momento foi após a Revolução de Outubro, quando ficou encarregue de liderar o Estado soviético. A sua firmeza, coerência nos objectivos declarados, lealdade à causa do seu povo e a sabedoria com que soube conduzir os primeiros anos do socialismo permitiram ao Estado Soviético afirmar-se e sair vitorioso de desafios sem precedentes, como a agressão de 14 nações, a paz com a Alemanha, a Nova Política Económica, entre outros.

UM LEGADO PARA A HUMANIDADE

A vida e a obra de Lenine constituem um legado para a humanidade. Ela mostrou que é possível mudar a face da Terra construindo um mundo novo, mais humano e justo; que a exploração e a miséria não são eternas; que é possível que as pessoas construam um futuro melhor; e que a força dos trabalhadores do mundo é a alternativa do futuro.

Honra à sua memória.

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