Avançar para o conteúdo principal

Marcelito: O homem das trincheiras e chefe da oposição ao governo

 

Imagem no "Expresso"

Depois de ter renunciado ao desejo de dissolver a Assembleia da República e demitir o governo, porque seria uma atitude nitidamente impopular, o PR Marcelo de Sousa entendeu retomar, agora com mais vigor, uma política de afrontamento com o governo de maioria absoluta do Partido Socialista e liderado por António Costa. Primeiro, não aprovar o pacote legislativo sobre a habitação, depois visitar a Polónia e a Ucrânia, os dois principais peões de brega do imperialismo norte-americano na Europa, querendo condicionar e definir a política externa do governo.

O veto da Lei da Habitação do PS foi o primeiro embate, realizado de forma cínica e trocista na medida em que o homem foi “estudar” o documento enquanto estava de férias mais a companheira, dando a ideia de que o país está acima de tudo, mesmo podendo importunar a vida familiar que se pretende recatada, e anunciou o veto já quando se encontrava em vista à Polónia a fazer não se sabe o quê, já que a nível europeu a figura não chega sequer à insignificância.

Marcelo foi claro quanto à razão da não promulgação do dito “pacote legislativo”, não há um problema de inconstitucionalidade, mas um problema político". Está contra não porque o PS, com esta legislação aprovada na Assembleia da República, fosse atentar contra os interesses dos grandes proprietários e especuladores imobiliários ou não resolver os graves problemas da habitação em Portugal, mas pela simples razão de marcar uma posição contra o governo. Claro que teve logo o apoio do seu antigo partido, da oposição em geral e de quem está interessado em que tudo fique na mesma.

O homenzinho que nesta área já destronou o antecessor Mário Soares, passa mais tempo no estrangeiro do que dentro do país e onde geralmente mais opina sobre as questões da política doméstica, revelando uma faceta importante e já não muito escondida do seu verdadeiro carácter. Visitar dois países que se encontram na linha da frente no conflito espoletado pelos EUA contra a Rússia revela uma outra faceta, também já conhecida, de rafeiro perante interesses estrangeiros predominantes. Se a Ucrânia claudicar, prevê-se que a Polónia de imediato entre na guerra para reivindicar o território da antiga Galécia que chegou a controlar entre as duas guerras mundiais.

Marcelo jamais abandonará o seu lado dúplice, de falsidade e de alguma chique-espertice, visita a Polónia e não diz claramente se vai ou não à Ucrânia, escudando-se na existência ou não de condições, sabendo toda a gente de antemão que iria, e iria de certeza porque a a atracção pelos seus é mais do que forte. E foi, levando atrás um séquito de lacaios e de gente que tem como profissão demonstrar que o capitalismo é eterno; e foi levado ao colo, como é habitual, pela bajuladora comunicação social mainstream.

Não deixa de ser caricato ver a figurinha triste mediatizada dentro de uma trincheira que, ao que parece, terá sido construída mais para mera propaganda e atracção turística. A figura que não cumpriu o serviço militar para não ir combater para a guerra em África, beneficiando do facto de pertencer a uma das famílias da oligarquia fascista, o que na altura foi um acto de extrema cobardia e anti-patriótico considerando a classe a que pertencia e a política em vigor do regime fascista pela qual Portugal ia do Minho a Timor.

O “primeiro presidente na trincheira” (e com certeza será o único), como referem os media, teve que fazer o seu papel de “homem corajoso”. “Não teve medo” quando ouviu as sirenes quando confraternizava em Kiev com os seus correligionários; discursou em ucraniano para reafirmar a solidariedade com o governo (neo-nazi), instalado no poder pelos norte-americanos, não com o povo ucraniano, porque seria até um paradoxo na medida em que despreza e ofende o próprio povo português; condecora (com o Grande-Colar da Ordem da Liberdade!) um dos principais inimigos do povo ucraniano, conduzindo-o para uma guerra que antes de terminar já mostrou que é um autêntico genocídio, mas em privado, possivelmente, para não ficarem imagens para o futuro; e, como cereja no topo do bolo, convidou-o para visitar Portugal; e, já com saudades, prometeu uma nova ida à Ucrânia, que muito possivelmente será frustrada porque então a Ucrânia já não existirá como estado.

Marcelito, com barriga cheia de missão cumprida, e depois de ter alargado as fronteiras do glorioso império, "a fronteira de Portugal é a fronteira da Ucrânia", de reafirmar, não deixando de ser irónico vindo de quem vem, o mestre da duplicidade e da intriga, que "não há jogo duplo" de Portugal em relação à adesão da Ucrânia à UE, e sabendo-se da posição de Costa sobre a questão de novas adesões e das verbas que já eram insuficientes antes da União ter entrado em recessão económica, prepara-se para a luta: “não há drama, a vida continua”, depois de conhecer a posição do governo em reafirmar as medidas do Mais Habitação na Assembleia da República.

Quando o país está a arder de lés a lés, com o ministro Carneiro a afirmar que a principal responsabilidade pela desgraça é a falta de cuidado do povo, e não a política de desprezo pela floresta e de apoio às celuloses e aos empresários dos meios de combate; quando a economia portuguesa está a dar sinais claros de estagnação e em breve de recessão, com a queda do turismo que nem a JMJ salvou, apesar das declarações espampanantes de Moedas, de Costa e de Marcelo, que traria enormes retornos; quando os partidos da oposição se encontram sem rumo e sem saída para a situação de crise económica crónica embora mitigada, com o líder do principal partido da oposição a ser um dia destes trocado pelo actual presidente da câmara de Lisboa; quando o país vem sustentado uma vasta e variada corja de gente corrupta, com o rebentar de casos sucessivos de corrupção dentro e fora da administração pública; só falta então a luta intestina e assanhada entre o presidente da república Marcelo e o primeiro-ministro Costa. 

Ou será tudo uma encenação, já que estamos perante dois grandes artistas, enquanto o povo vai sendo massacrado?!

https://cronicasdobarbaro.blogspot.com/2023/08/marcelito-o-chefe-da-oposicao-ao-governo.html

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Venezuela. A farsa do "Prêmio Nobel da Paz" continua: agora, ele é concedido à venezuelana de extrema direita, golpista e sionista, María Corina Machado

The Tidal Wave O Comitê Norueguês do Nobel, nomeado pelo Parlamento do Reino da Noruega, concedeu o Prêmio Nobel da Paz a María Corina Machado, a fervorosa líder de extrema direita que defendeu abertamente a intervenção militar estrangeira na Venezuela, apoiou inúmeras tentativas de golpe e é uma aliada declarada do projeto sionista, do regime de Netanyahu e de seu partido Likud. Sua indicação se soma a uma série de indicações ao "Prêmio Nobel da Paz" que mostram o perfil tendencioso e manipulador do prêmio, desde Henry Kissinger em 1973 (mesmo ano em que orquestrou o golpe de Estado no Chile), a Barack Obama, governante que promoveu uma série de intervenções militares e golpes de Estado em vários países (Honduras, Líbia, Síria, entre outros), ao representante da dinastia feudal lamaísta e financiado pela CIA "Dalai Lama", o "lavador de imagens" de empresas e lideranças nefastas Teresa de Calcutá, ou o ex-presidente de direita Juan Manuel Santos, ministr...

“O modelo de negócio das empresas farmacêuticas é o crime organizado”

Por Amèle Debey Dr. Peter Gøtzsche é um dos médicos e pesquisadores dinamarqueses mais citados do mundo, cujas publicações apareceram nas mais renomadas revistas médicas. Muito antes de ser cofundador do prestigiado Instituto Cochrane e de chefiar a sua divisão nórdica, este especialista líder em ensaios clínicos e assuntos regulamentares na indústria farmacêutica trabalhou para vários laboratórios. Com base nesta experiência e no seu renomado trabalho acadêmico, Peter Gøtzsche é autor de um livro sobre os métodos da indústria farmacêutica para corromper o sistema de saúde. Quando você percebeu que havia algo errado com a maneira como estávamos lidando com a crise da Covid? Eu diria imediatamente. Tenho experiência em doenças infecciosas. Então percebi muito rapidamente que essa era a maneira errada de lidar com um vírus respiratório. Você não pode impedir a propagação. Já sabíamos disso com base no nosso conhecimento de outros vírus respiratórios, como a gripe e outros cor...

A fascização da União Europeia: uma crónica de uma deriva inevitável que devemos combater – UHP Astúrias

Como introdução O projecto de integração europeia, de que ouvimos constantemente falar, surgiu no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, fruto de uma espécie de reflexão colectiva entre as várias burguesias que compunham a direcção dos vários Estados europeus. Fruto da destruição da Europa devido às lutas bélicas entre as diferentes oligarquias, fascismos vorazes através das mesmas. O capital, tendendo sempre para a acumulação na fase imperialista, explorava caminhos de convergência numa Europa que se mantinha, até hoje, subordinada aos interesses do seu  primo em Zumosol,  ou seja, o grande capital americano.  Já em 1951, foi estabelecido em Paris o tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), com a participação da França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Estes estados procuravam recuperar as suas forças produtivas e a sua capacidade de distribuição, mas, obviamente, não podemos falar de uma iniciativa completamente aut...